Posicionando as empresas na Agenda 2030
Artigo postado no Portal da Cidade: Canoinhas
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No ano de 2015, em Nova York, os estados membros da ONU se reuniram para discutir as possibilidades globais na erradicação da pobreza mundial. Assim surgiu a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. É um plano de ação para toda a humanidade que contém 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Erradicação da pobreza; fome zero e agricultura sustentável; saúde e bem-estar; educação de qualidade; igualdade de gênero; água potável e saneamento; energia acessível e limpa; trabalho decente e crescimento econômico; indústria inovação e infraestrutura; redução das desigualdades; cidades e comunidades sustentáveis; consumo e produção responsáveis; ação contra a mudança global do clima; vida na água; vida terrestre; paz, justiça e instituições eficazes; parcerias e meios de implementação.
Figura 1: ODS
Fonte: Agenda 2030 (2021)
Mais do que um documento oriundo de vários encontros, debates e estudos da ONU e pesquisadores independentes, a Agenda 2030 tem um fundo prático incontestável: A sobrevivência humana. Chegamos a um ponto da história da sociedade, na qual não podemos visualizar futuro próspero sem objetivos comuns globais. A Pandemia nos mostrou isso. Um problema surgido na China impactou todos os continentes, países, estados, municípios e atingiu diretamente as famílias. Quem de nós não perdeu um conhecido, um amigo, parente, um ente querido para a COVID? Um problema que parecia distante a um ano, se tornou rapidamente numa tragédia familiar.
Quando se fala em desigualdade, fome, pobreza, corrupção, problemas ambientais e climáticos, a sensação humana é de que esses problemas estão longe. O animal silvestre que morre é na Amazônia, então, qual o impacto na minha vida? Lembrem que epidemia era uma coisa que só víamos no Discovery Channel lá na África.
A função econômica talvez seja central nesse processo de desenvolvimento. É com base nas dinâmicas econômicas que os âmbitos social e ambiental são acionados. Em uma organização didática, a Agenda 2030 organiza as ações em áreas, formando uma pirâmide.
Figura 2: Estrutura das ODS
Fonte: Agenda 2030. (2021)
Na base visualiza-se a Biosfera, o sustentáculo natural para a vida no planeta. Acima está a Sociedade, que sobrevive da Biosfera. No topo está a economia, que somente existe porque existe uma sociedade a qual se organiza em fatores de produção, e se utiliza dos recursos da biosfera para transformá-la em bens consumidos pelas pessoas. Fazendo uma análise rápida, essa estrutura demonstra a fragilidade de qualquer sistema econômico, o qual pode ruir se algumas das bases se deteriorar.
O que se coloca em reflexão é justamente o momento histórico em que nos encontramos. A economia por vezes dá sinais de “colapso”, justamente porque tanto sociedade quanto biosfera apresentam sinais de fadiga. Sociedade em termos de relações corroídas, foco no individual, problemas psicológicos, angústia, etc. Já na questão do ambiente é a exaustão de recursos naturais e o desequilíbrio que preocupam.
As empresas sabem disso, por isso possuem áreas vinculadas à estratégia empresarial, responsáveis pelo desenvolvimento de tecnologias mais sustentáveis, melhoria na qualidade de vida dos colaboradores, reconhecimento do ESG (environmental, social and corporate governance) como diferencial competitivo e diversas outras políticas que convergem com os objetivos da Agenda 2030. Mas na sua grande maioria, a intenção da empresa não é seguir a Agenda, muitas nem sabem de sua existência. As instituições econômicas visualizam problemas ambientais e sociais como risco de negócio, e estão se mobilizando para antecipar os movimentos a fim de sobreviverem. Então as empresas não estão alinhadas aos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU? Será que a Agenda 2030 e o mundo corporativo estão correndo para o mesmo objetivo, mas de forma e com motivações diferentes? Talvez, mas o mais importante é que cheguemos lá.